Taxista, polícia, marinheira ou bombeira são algumas profissões normalmente exercidas por homens que para as mulheres da ilha do Pico “são empregos como outros quaisquer”, pois “o trabalho não distingue sexo”.
No dia em que se assinala o Dia Internacional da Mulher, a Agência Lusa/Ilha Maior entrevistou algumas mulheres da ilha do Pico e desafiou-as a falarem das suas profissões.
Maria de Fátima, 66 anos, e Maria de Lurdes, 45 anos, são duas das mulheres taxistas existentes na ilha do Pico e assumem-se como sendo “o sexo mais forte”. “Somos minoria, mas ninguém nos passa por cima”, diziam. Com mais de 30 anos de carreira, Maria de Fátima é a taxista mais antiga da praça de táxis do concelho da Madalena e orgulha-se disso. “Somos iguais aos homens e fazemos os mesmos serviços”, disse, confessando ser tratada, por vezes, de maneira diferente “por ser uma senhora, mas com muito respeito”. Segundo Maria de Lurdes, “às vezes não gostamos de ouvir comentários desagradáveis, mas o que eles dizem já nós sabemos há muito tempo”.
Ambas assumem-se felizes pelo “bom ambiente” vivido entre os colegas, apesar de considerarem ser “uma vida cansada”.
Com 42 anos de idade, Madalena Cabral é uma das quatro mulheres agentes da Polícia de Segurança Pública na esquadra do concelho da Madalena, havendo cinco em toda a ilha. Há 18 anos a exercer a profissão, a agente afirma nunca ter sido tratada de maneira diferente por ser mulher nem se sentir constrangida por trabalhar num meio de homens. “As mulheres adaptam-se mais facilmente ao ambiente dos homens e eu habituei-me desde cedo a qualquer situação”, disse, acrescentando que na esquadra “somos todos iguais”.
A força física é o único factor apontado pela agente que distingue as mulheres dos homens. Segundo Madalena Cabral, as “habituais bocas” que os homens por vezes lançam às mulheres não fogem à regra nesta profissão, mas “um bom profissional aprende a não ouvir comentários mais desagradáveis”.
A agente lamenta apenas que o fardamento dos polícias seja o mesmo para ambos os sexos, visto que “a estatura de um homem não é a mesma de uma mulher obviamente”. “Andei três anos com um par de botas número 42 e eu calço o 40, mas na altura não havia mais tamanhos”, disse, brincando com a situação. “Devemos ser tratadas de igual para igual, mas neste caso parece que estamos no Carnaval diariamente”, criticou a agente, apelando a “um pouco mais de consideração”.
Elisabete Melo tem 29 anos de idade e faz parte do núcleo central da Transmaçor - Transportes Marítimos Açorianos há cerca de 5 anos. O facto de ser a única marinheira do sexo feminino da empresa é-lhe indiferente, visto ser “um trabalho igual aos outros exercido da mesma maneira que os homens”.
Apesar de nunca se ter sentido discriminada, acredita que há homens que encaram a sua presença melhor do que outros. Com um filho de ano e meio, a jovem marinheira diz ter trabalhado até aos sete meses de gravidez e os colegas que já tinham filhos foram aqueles que a apoiaram e a compreenderam melhor. Elisabete deseja um dia ter colegas do mesmo sexo, apesar de considerar ser uma profissão “muito complicada”, que envolve “alguma coragem”, pelo facto do mar “por vezes ser traiçoeiro”.
Susana Leal é das poucas mulheres que trabalham nos Bombeiros Voluntários da Madalena e assume-se “feliz e igual” aos seus colegas do sexo masculino. “Todos temos os mesmos direitos e deveres e todos exercemos o mesmo trabalho”, afirmou a jovem que, com apenas 25 anos, já foi condecorada pela Associação de Bombeiros Voluntários da Madalena e congratulada pela Administração dos Portos do Triângulo Ocidental, por ter evitado um afogamento no passado mês de Novembro.
O “acto heróico”, como muitos o consideram, foi para Susana “um momento inesquecível e marcante” na sua vida. O facto de ser mulher não influenciou, segundo considerou, o salvamento do homem de 50 anos que sofre de epilepsia e que caiu ao mar no cais da Madalena.
Filipa Rosa - Agência Lusa & Jornal Ilha Maior - Março 2009
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