A minha passagem pelo Pico...

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Quem não conhece as ilhas tem aqui uma pequena amostra desta região com paisagens únicas!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Reportagem - Mais de 4500 imigrantes residem nos Açores para se estabelecerem

São Miguel, Faial, Terceira e Pico são as ilhas dos Açores com maior número de residentes estrangeiros que saem da sua terra natal com o objectivo de se estabelecerem profissionalmente.

De acordo com dados estatísticos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, em 2008 residiam na região dos Açores 4.502 imigrantes, dos quais 1.675 residiam em São Miguel, 957 no Faial, 927 na Terceira e 506 no Pico, oriundos essencialmente de Cabo Verde, Brasil e Leste Europeu.

Segundo o presidente da Associação de Imigrantes nos Açores, entre 2007 e 2008 houve uma diminuição dos fluxos migratórios “talvez devido ao abrandamento económico do país”.

Paulo Mendes, 32 anos de idade, faz parte dos milhares de imigrantes residentes em São Miguel, onde estudou Sociologia e formou a associação. Há onze anos na ilha, o cabo-verdiano confessa-se “feliz” e acredita que alguns imigrantes tenham dificuldade em adaptar-se, mas na sua situação “correu tudo tranquilamente”. Questionado sobre a possibilidade de voltar à sua terra, o presidente da associação diz que “qualquer imigrante tem sempre o sonho de regressar ao seu país”, mas neste momento quer viver um dia de cada vez.

Mauro Fernandez nasceu na Argentina e vive sozinho na ilha do Pico há mais de 6 anos. Com 31 anos de idade é um dos jogadores que integra a equipa de hóquei em patins Candelária Sport Clube da 1ª divisão, onde jogam dois argentinos, três lisboetas, três portuenses e quatro picoenses.

O desporto é uma das profissões que leva muitos jogadores a saírem da sua cidade natal, como as equipas de hóquei em patins, futebol ou voleibol feminino do Pico.

Apesar das saudades ser o “mais complicado de ultrapassar”, o hoquista afirma sentir-se “feliz e acarinhado” numa ilha onde as pessoas são “mais acolhedoras, simples e conviventes”. Mauro nunca se arrependeu da escolha que fez mas admite ter sido “difícil” adaptar-se a uma ilha que tem apenas 15 mil habitantes, que à noite “parece uma ilha fantasma”.

Laila Amaral é uma dos muitos brasileiros residentes no Pico, onde vive com o filho de dois anos. Há 5 anos no Pico, a jovem foi para a ilha apenas para passar férias, mas o entusiasmo e as oportunidades de trabalho que surgiram na sua vida fizeram-na ficar. Com 23 anos de idade, a empresária já abriu quatro estabelecimentos no concelho da Madalena do Pico, a loja de acessórios e roupa interior Atrevida, o Dark Pub, o Dark Esplanada e a Later Disco, que trouxeram “alguma dinâmica” à ilha com os serviços de bar, restauração e música.

Há 13 anos na ilha do Faial, o alemão Franz Huntchoroiter é trabalhador-estudante e chegou à região açoriana com apenas 12 anos, acompanhado pelos pais e irmãos em busca de “melhor qualidade de vida”. Apesar do primeiro ano ter sido “mais complicado pela diferença da cultura e língua”, o jovem de 25 anos teve uma “fácil integração” na ilha e quando pensa no seu futuro, imagina-o “sem dúvida” nos Açores.

Óscar Reis faz parte dos 927 imigrantes residentes na ilha Terceira. Com 47 anos de idade, natural de Cabo Verde, o médico cirurgião trabalha no Hospital de Santo Espírito em Angra do Heroísmo, onde ocupou uma vaga em 1995. Regressar a Cabo Verde está fora de questão para o médico, visto que o seu país ainda não possui os meios de que dispõe na ilha para fazer cirurgia diferenciada. Óscar não se arrepende da opção que tomou e afirma sentir-se feliz com as amizades que criou e realizado profissionalmente, uma vez que localmente possui todos os meios para fazer cirurgia com recurso a todas as técnicas mais recentes.

Tal como Óscar Reis, Yaroslava Rusal vive em Angra do Heroísmo desde 1995 e é professora de canto e maestrina de coros na Escola Tomás de Borba. Natural da Ucrânia, Yaroslava chegou à ilha Terceira com o marido, também, professor de flauta, e com uma filha, na altura com 5 anos de idade, que já tem um irmão luso-ucraniano. Com 43 anos de idade, a professora afirma-se feliz por terem sido recebidos com muita hospitalidade e por conseguirem desenvolver o seu trabalho profissional com tranquilidade num “pequeno paraíso”, tal como considera a região dos Açores.

Filipa Rosa - Agência Lusa & Jornal Ilha Maior - Fevereiro 2009

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