Açores distinguem-se na Antárctida
Orgulho açoriano marca experiência única para jovens do Pico
Os pinguins da Antárctida, aqueles seres engraçados que andam durante o ano todo de smoking, conheceram novos curiosos neste Natal. Poderiam ser de Lisboa, Porto, Algarve ou até da ilha da Madeira. Sim, poderiam, mas não foram. O privilégio de representar Portugal no continente mais frio e seco do mundo coube aos picarotos Viviana Oliveira e Pedro Meneses pelo trabalho que realizaram no ano lectivo 2006/2007.
Orgulho açoriano marca experiência única para jovens do Pico
Os pinguins da Antárctida, aqueles seres engraçados que andam durante o ano todo de smoking, conheceram novos curiosos neste Natal. Poderiam ser de Lisboa, Porto, Algarve ou até da ilha da Madeira. Sim, poderiam, mas não foram. O privilégio de representar Portugal no continente mais frio e seco do mundo coube aos picarotos Viviana Oliveira e Pedro Meneses pelo trabalho que realizaram no ano lectivo 2006/2007.
O facto da Escola Básica 2,3/S das Lajes do Pico estar inserida nas comemorações do Ano Internacional 2007-2008 possibilitou aos alunos participarem num concurso nacional promovido pela organização LATITUDE'60, onde concorreram mais de 200 escolas portuguesas entre 2006 e 2008. O projecto consistiu na realização de uma maqueta que representasse a forma como o degelo poderá influenciar a Região dos Açores num futuro próximo, bem como na construção de um site com várias informações e jogos sobre as zonas polares.
O primeiro lugar no concurso onde participaram centenas de alunos portugueses foi uma “surpresa” para os jovens açorianos, que confessam ter ficado “entusiasmados” quando souberam que o prémio seria uma expedição à Antárctida. “Até ao dia em que iniciámos ambos os projectos não tinha qualquer interesse quer na Antárctida quer no Árctico mas após pesquisa para realização dos mesmos comecei a ficar fascinado por essas mesmas zonas”, referiu Pedro.
Inicialmente dificuldades financeiras impossibilitaram a viagem dos dois alunos no ano de 2008 e foi-lhes comunicado que apenas um poderia viajar, tendo, assim, que optar, o que gerou descontentamento por parte dos jovens. “Na altura, a minha reacção foi de dizer que, se não iam os dois, não ia nenhum de nós”, revelou Viviana. Uma viagem à Serra da Estrela em 2008 foi o prémio de consolação para os dois alunos, pois à Antárctida só havia a possibilidade de levar um, ao que renunciaram. Com o apoio do Governo Regional em 16 mil euros foi possível tornar o sonho de conhecer a terra dos pinguins realidade, depois do anterior secretário regional da Educação e Ciência, Álamo Meneses, ter tido conhecimento da situação e ter resolvido o problema através da Direcção Regional da Ciência e Tecnologia.
A expedição à Antárctida realizou-se entre 25 de Dezembro e 9 de Janeiro e para Viviana foi “inesquecível e fantástico”. “Nunca tive bem a noção da responsabilidade que era a realização desta expedição. Foi representar Portugal mas, mais importante foi representar os Açores e o Pico”, admitiu a jovem de 20 anos que está em Lisboa a estudar medicina veterinária. Também para Pedro foi “prestigiante representar o nosso país, mas ainda mais representar a Região Autónoma dos Açores que tanta vez é esquecida ou mesmo desconhecida a nível nacional”.
O jovem de 21 anos, que frequenta actualmente o curso de Ciências do Desporto na Universidade da Beira Interior, confessa ter vivido a “maior experiência” da sua vida. “Tivemos o privilégio e a oportunidade de poder partilhar ideias e conhecimentos com outras raças e culturas provenientes de todo o globo”, disse.
As questões ambientais são uma preocupação constante dos jovens, que alertam para que haja uma consciencialização por parte das pessoas. “Estar lá e pensar que está nas nossas mãos fazer com que a Antárctida se mantenha e que daqui a duas gerações outros jovens, como nós, poderão lá ir ou que, se não fizermos nada, nada irá restar… É uma sensação que não se descreve”, afirmou Viviana.
Para Pedro a viagem foi especialmente marcante pelo facto de ter presenciado uma “grande relação” e partilha de um quarto entre um palestiniano e um israelita, o que prova que “tudo neste mundo é possível desde que se faça um esforço nesse sentido”.
As amizades, a partilha de saberes e conhecimentos, os locais visitados e as ligações que se criaram é algo que ficará sempre guardado na mente destes jovens, sendo talvez os primeiros picarotos a visitar a gelada Antárctida.
“Somos uns privilegiados por termos vivido o lado mais puro do nosso planeta com um grupo fantástico de organizadores e alunos. Daqui em diante somos embaixadores do nosso planeta com o objectivo de mudar as mentalidades dos habitantes dos mesmos”, afirmou Pedro, confessando que jamais esquecerá o pôr-do-sol antárctico, “o mais magnífico” que já viu. “Bate mesmo o “meu” pôr-do-sol por trás do Pico, visto das Lajes”, admitiu.
Filipa Rosa - Jornal Ilha Maior - Janeiro 2010
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