A minha passagem pelo Pico...

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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Reportagem - Família da Ilha do Pico cruza quatro gerações

Criar onze filhos pode ser um desafio para muitos pais, mas na Ilha do Pico é uma realidade, apesar das dificuldades que vão aparecendo com o aumento do número de crianças.

José Ávila Goulart, natural da freguesia de São Mateus, é pai de onze filhos, avô de 23 netos e de três bisnetos. Com 81 anos, José casou em 1950 com Alvira da Conceição Marcos, de 77 anos, e só passados dois anos de casamento é que tiveram a primeira filha. “A partir daí foi sempre a andar”, disse José, confessando que “naquela altura não havia muito para as pessoas se entreterem”.

São cerca de 50 aqueles que fazem parte desta família, que se reúne todos os anos na época de Natal e nos aniversários do casal de idosos, sendo “sempre uma festa”. “Até há bem pouco tempo eu e a minha mulher comprávamos presentes para todos os filhos, noras, genros, netos e bisnetos, mas agora são só as crianças que recebem, porque a vida está difícil”, afirmou.

Nesta família cruzam-se quatro gerações, sendo a filha mais velha de 56 anos e o mais novo de 36. A neta mais velha tem 35 anos de idade e o mais novo tem apenas dois. Os três bisnetos menores de idade têm dois, cinco e 12 anos.

Segundo contou José Ávila, todos os filhos nasceram no Pico, em casa, com a ajuda de uma parteira, excepto um que nasceu na ilha vizinha, Faial, mas “todos correram bem”.

“Nem me pergunte isso” foi a expressão de José ao ser questionado sobre os nomes e as idades dos seus filhos, netos e bisnetos. “A minha mulher sabe tudo, mas eu baralho-me todo”, disse.

Como pai assume que foi difícil criar tantas crianças ao mesmo tempo, mas admite ter trabalhado “bastante” para que nunca faltasse nada em casa. “Por vezes chegava a casa e tinha que os contar. A minha principal preocupação era se faltava algum”, afirmou.

Amor, disciplina e respeito foram os principais factores que contribuíram para que onze crianças fossem “bem criadas e felizes”. A hora de ir para casa era às 17:00 quando o sino da igreja tocava, “estivessem onde estivessem”.

Ao domingo era dia de passeio pelo concelho a pé. “Parecia um rebanho ou uma equipa de futebol”, disse em tom de brincadeira.

Numa casa com apenas três divisões viviam 13 pessoas, sendo mais tarde reconstruída e acrescentada para ter melhores condições. O facto da esposa Alvira ter sido sempre doméstica, “porque não havia outra hipótese”, ajudou muito para se criarem onze filhos e ainda a maioria dos netos. “Naquela altura era tudo diferente, porque não havia electrodomésticos”, salientou José, contando que a maior dificuldade para Alvira era ter que lavar a roupa toda dos filhos à mão num tanque.

José gostaria de ter mais netos, mas assume que “ninguém saiu ao pai”.

O facto desta família ser numerosa e viver num meio pequeno, os encontros diários entre irmãos, primos e cunhados no concelho da Madalena são inevitáveis.

Ao fim de tantos anos a criar filhos e netos, José e Alvira podem agora aproveitar para passear e viajar tranquilos.O casal já se deslocou até ao continente americano dezenas de vezes, onde tem família emigrada, bem como a Lisboa, Porto, Algarve, Madeira e restantes ilhas dos Açores.

Segundo a Lusa/Ilha Maior conseguiu apurar, esta não é a única família numerosa do Pico, havendo várias pelos três concelhos da ilha.

Ermelindo Ávila é natural do concelho das Lajes e tem doze filhos, menos quatro do que Tomásia Sequeira, da Madalena do Pico e viúva há alguns anos.

Filipa Rosa - Agência Lusa & Jornal Ilha Maior - Abril 2009

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